A Comissão Executiva da Associação Geral nunca tomou voto sobre uma declaração oficial com respeito ao relacionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia para com o movimento ecumênico, como tal. Um livro foi escrito, tratando extensamente do tema (Ecumenism-Boon or Bane? [Ecumenismo—Benefício ou Malefício?], por B. B. Beach, [Review and Herald, 1974]) e uma boa quantidade de artigos têm aparecido ao longo dos anos em publicações adventistas, inclusive a Adventist Review. Destarte, conquanto não haja exatamente uma posição oficial, há muitas indicações claras com respeito ao ponto de vista adventista do sétimo dia. Em geral, pode-se dizer que conquanto a Igreja Adventista do Sétimo Dia não condene inteiramente o movimento ecumênico e sua principal manifestação organizacional, o Concílio Mundial de Igrejas, ela tem expressado crítica a vários aspectos e atividades.
Poucos se disporiam a negar que o ecumenismo tem tido elogiáveis metas e algumas influências positivas. Seu grande alvo é a unidade cristã visível. Nenhum adventista poderia opor-se à unidade pela qual Cristo orou. O movimento ecumênico tem promovido relações intereclesiásticas mais amistosas com mais diálogo e menos diatribe, e tem ajudado a remover preconceitos infundados. Através de suas várias organizações e atividades, o movimento ecumênico tem propiciado informações mais precisas e atualizadas sobre igrejas, tem batalhado pela liberdade religiosa e direitos humanos, tem combatido os males do racismo e chamado a atenção para as implicações sócio-econômicas do evangelho. Em tudo isso as intenções têm sido boas e alguns dos frutos têm sido palatáveis. Não obstante, num quadro global, os malefícios superam os benefícios. Examinaremos alguns desses.
O Adventismo como um Movimento Profético
A Igreja Adventista do Sétimo Dia adentrou o palco da história—crêem firmemente os adventistas—em resposta ao chamado de Deus. Os adventistas crêem, espera-se que sem orgulho ou arrogância, que o Movimento do Advento representa a instrumentalidade divinamente apontada para a proclamação organizada do “evangelho eterno”, a última mensagem de Deus, discernida do ponto estratégico profético de Apocalipse 14 e 18. Sob o enfoque da luz de seu entendimento profético, a Igreja Adventista do Sétimo Dia se vê como o movimento “ecumênico” escatologicamente orientado do Apocalipse. Começa pelo “chamamento” aos filhos de Deus a saírem das corporações eclesiásticas “caídas” que irão crescentemente formar uma oposição organizada aos propósitos de Deus. Juntamente com o “chamamento”, há um “chamado” positivo para um movimento unido e mundial—ou seja, ecumênico—, caracterizado pela “fé de Jesus” e a guarda “dos mandamentos de Deus” (Apo. 14:12).
No Concílio Mundial de Igrejas a ênfase é primeiro em “vir” a uma comunhão de igrejas, e depois, otimista e gradualmente “sair” da desunião corporativa. No Movimento Adventista a prioridade repousa sobre o “sair” da desunião e confusão babilônicas e daí imediatamente “vir” a uma comunhão de unidade, verdade, e amor dentro da família adventista que abrange todo o planeta.
Para entender a atitude adventista para com o ecumenismo e as demais igrejas tradicionais, é de auxílio recordar que o movimento adventista dos primeiros tempos (caracterizado pelos mileritas) tinha aspectos ecumênicos: surgiu de muitas igrejas. Destarte, os adventistas procederam de muitas denominações. Contudo, as igrejas em geral rejeitaram a mensagem adventista. Os adventistas não raro foram expulsos das igrejas. Às vezes os adventistas traziam consigo porções de congregações. As relações tornaram-se amargas. Falsos relatos eram feitos circular, alguns que infelizmente persistem até hoje.
Os pioneiros tinham pontos de vista vigorosos, e seus oponentes não eram menos dogmáticos. Eles tendiam a se concentrar mais no que separa do que no que une. Essa era uma circunstância compreensível. Hoje, logicamente, o clima intereclesiástico tende a ser mais irênico e benigno.
Quais são alguns dos problemas que os adventistas têm com o ecumenismo? Antes de nos esforçamos para dar uma resposta sumária a esta pergunta, é necessário assinalar que o movimento ecumênico não é monolítico em seu modo de pensar. Pode-se encontrar todos os tipos de ponto de vista representados em suas fileiras (o que, já constitui um problema por si mesmo!). Tentaremos fazer referência ao que pode ser considerado o pensamento dominante dentro do Concílio Mundial de Igreja (CMI), uma organização agora representando mais de trezentas diferentes igrejas e denominações.
O Entendimento Ecumênico de Unidade
O Novo Testamento apresenta uma unidade eclesiástica qualificada em verdade, caracterizada por santidade, gozo, fidelidade, e obediência (ver João 17:6, 13, 17, 19, 23, 26). Os “ecumentusiastas” (para cunhar um neologismo) parecem tomar por assentado a unidade orgânica e comunhão finais da grande maioria das igrejas. Eles realçam o “escândalo da divisão”, como se isso fosse realmente o pecado imperdoável. Heresia e apostasia são grandemente ignorados. Contudo, o Novo Testamento mostra a ameaça de penetração anticristã dentro do “templo de Deus” (2 Tes. 2:3, 4).
O quadro escatológico da igreja de Deus antes da Segunda Vinda não é o de uma mega-igreja reunindo toda a humanidade, mas de um “remanescente” da cristandade, os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus (ver Apo. 12:17).
Há claramente um ponto em que a falta de ortodoxia e o estilo de vida contrário ao cristianismo justificam a separação. O CMI passa este ponto por alto. Separação e divisão que visam a proteger e sustentar essa pureza e integridade da igreja e sua mensagem são mais desejáveis do que a unidade em mundanismo e erro. Ademais, os adventistas não se sentem à vontade com o fato de que líderes do CMI parecem dar pouca ênfase à santificação pessoal e reavivamento. Há indicações de que alguns possam ver tal ênfase como um pietismo ultrapassado, não como um ingrediente vital de uma vida cristã dinâmica. Preferem dar menos importância à piedade em favor da moralidade social.
Contudo, no modo de ver adventista, a santidade pessoal de vida é exatamente o estofo de que é feita a moralidade social (pedindo desculpas a Shakespeare). Sem cristãos genuinamente convertidos, qualquer unidade organizacional formal é realmente de uma natureza plástica e de pouca relevância.
Entendimento Ecumênico de Crença
Em muitos círculos eclesiásticos a abertura mental é vista como uma virtude ecumênica. Sugere-se que o ecumenista ideal não é dogmátco em crenças, sendo algo fluído em pontos de vista doutrinários. Respeita grandemente as crenças dos outros, mas é menos do que rígido a respeito de suas próprias convicções. Parecerá humilde e não positivo sobre crenças doutrinárias--exceto aquelas que dizem respeito à unidade ecumênica.
Tudo isso tem o seu lado elogiável. A humildade e mansidão são virtudes cristãs. De fato, Pedro nos diz para estarmos sempre prontos para dar uma razão de nossa fé, mas isso deve ser feito com humildade, respeito e em boa consciência (1 Pedro 3:15, 16). Todavia, há nas fileiras ecumênicas um perigo quase embutido de relativização e superficialidade de crença. O conceito global de heresia é questionado. Ultimamente, têm-se até levantado objeções à idéia de “paganismo”. Típica de algumas proposições ecumênicas é a idéia de que todas as formulações denominacionais de verdade são condicionadas no tempo e relativas, e, portanto, parciais e inadequadas.
Alguns ecumenistas chegam ao ponto de advogar a necessidade de síntese doutrinária, reunindo várias crenças cristãs numa espécie de metodologia de salada ideológica.
Dentro da diversidade conciliatória do movimento ecumênico, presumivelmente todos, nas palavras de Frederico, o Grande, “serão salvos a seu próprio modo”.
Os adventistas crêem que sem fortes convicções, uma igreja tem pouco poder espiritual. Há o perigo de que as areias movediças ecumênicas de superficialidade doutrinária arrastem igrejas à morte denominacional. Logicamente, isto é precisamente o que os entusiastas ecumênicos esperam que aconteça. Contudo, os adventistas sentem que tais irresoluções doutrinárias devem ser vigorosamente resistidas, doutro modo o auto-depauperamento espiritual será o resultado, e uma era verdadeiramente pós-cristã nos aguarda no futuro.
O Entendimento Ecumênico das Escrituras
Os adventistas vêem a Bíblia como a infalível revelação da vontade de Deus, o revelador de autoridade da verdade doutrinária, e o registro digno de confiança dos poderosos atos de Deus na história da salvação (ver as Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia: 1. As Santas Escrituras).
Os adventistas vêem a Bíblia como uma unidade. Para muitos líderes do CMI a Bíblia não é normativa e de autoridade em si mesma. A ênfase é dada sobre a diversidade bíblica, inclusive às vezes desmitologizando os evangelhos. Para um vasto número de ecumenistas, como se dá no cristianismo liberal em geral, a inspirção não jaz no texto bíblico, mas na experiência do leitor. Revelação proposicional está “por fora”; a experiência é o que conta.
A profecia apocalíptica não recebe praticamente qualquer papel em revelar os tempos finais. Fazem-se referências pro-forma à parousia [2a. vinda de Cristo] mas sem implicar urgência e sem quase nenhum impacto sobre o conceito ecumênico de missão evangelística. Aqui ocorre o perigo de cegueira escatológica.
Os adventistas do sétimo dia vêem o quadro bíblico do pecado e redenção dentro da estrutura do “grande conflito” entre o bem e o mal, entre Cristo e Satanás, entre a Palavra de Deus e as mentiras do impostor, entre o fiel remanescente e Babilônia, entre o “selo de Deus” e a “marca da besta”. Os adventistas são, primeiro e antes de tudo, o povo da Palavra. Conquanto crendo na autoridade incondicional das Escrituras, os adventistas reconhecem que a Bíblia foi “escrita por homens inspirados, mas não é o modo de pensamento e expressão divinos. É o da humanidade. Deus, como escrito, não e o que está representado. . . . Os autores da Bíblia foram os redatores de Deus, não Sua pena”. – Selected Messages [Mensagens Escolhidas], livro 1, p. 21.
Muitos ecumenistas diriam que o texto bíblico não é a palavra de Deus, mas contém essa palavra segundo os homens a ela respondem e a aceitam. Em contraste, os adventistas diriam que as declarações dos escritores bíblicos “são a palavra de Deus” (ibid.). Deus não está em julgamento; nem tampouco a Sua Palavra, não importa a crítica de forma. O homem é que está sob julgamento pela Bíblia.
Entendimento Ecumênico de Missão e Evangelismo
O entendimento tradicional de missão destaca o evangelismo, isto é, a proclamação verbal do evangelho. A metodologia ecumênica vê missão como envolvendo o estabelecimento do shalom, um tipo de paz e harmonia sociais. Os adventistas têm problemas com qualquer tendência a reduzir a importância primária de anunciar as boas novas de redenção da escravidão do pecado. De fato, a visão inclusiva adventista tradicional de salvação sempre foi a de salvar os indivíduos do pecado e para a eternidade. O evangelismo ecumênico vê a salvação primariamente como a salvação da sociedade de regimes opressivos, do açoite da fome, da maldição do racismo, e da exploração da injustiça.
O entendimento adventista de conversão significa que uma pessoa experimenta mudanças radicais mediante o renascimento espiritual. O realce dos círculos ligado ao CMI parece ser em mudar—converter—as estruturas injustas da sociedade.
Como temos em nossa perspectiva, na área de evangelismo e obra missionária estrangeira os frutos (ou talvez, diríamos, falta de frutos) do ecumenismo têm freqüentemente sido menos evangelismo (como o entendemos--de Paulo a Billy Graham), menos crescimento e maior declínio de membresia, menos missionários enviados, proporcionalmente menor apoio financeiro sendo obtido. De fato, o esforço missionário tem mudado das igrejas “ecumênicas” tradicionais para os grupos evangélicos conservadores. É triste ver tão grandioso potencial evangelístico perdido para o movimento missionário, especialmente numa época de crescente e ativa militância islâmica e do despertar do Oriente e das religiões nativas. A recente e bem sucedida campanha Mil Dias de Colheita, dos adventistas do sétimo dia, vai de encontro à metodologia ecumênica de “missão conjunta”, de pouco vigor. Isso pode até soar bem numa dissertação ecumênica de estudo, mas resultados em ganho de almas não aparecem. A paráfrase de um velho ditado tem alguma relevância neste contexto: “A prova do pudim ecumênico jaz no apetite dos que o consomem evangelisticamente”.
Entendimento Ecumênico de Responsabilidade Sócio-política
É de se admitir que a questão toda da responsabilidade social e política cristã é complicada. O CMI e outros conselhos eclesiásticos (tais como o Conselho Nacional de Igrejas nos EUA) estão envolvidas em grande medida no que é geralmente visto como questões políticas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia é muito mais circunspecta nesse campo (em comparação com o evangelismo, onde a situação se inverte!). Muito do que se pensa na área da responsabilidade política ecumênica envolve: (1) uma secularização da salvação; (2) uma visão pós-milenista advogando a melhoria política gradual e avanço social da humanidade, e o estabelecimento mediante o esforço humano, como agentes divinos, do reino de Deus sobre a terra; (3) adaptação do cristianismo ao mundo moderno; (4) fé evolucionária utópica no progresso; e (5) coletivismo socialístico, apoiando alguma forma de igualitarismo e o estado assistencial, mas não o materialismo comunista.
Presumivelmente, os ativistas sociais ecumênicos consideram o adventista como tendo uma visão utópica e ingênua de fatos milagrosos no porvir. Em face dos muitos problemas sociais, os adventistas não podem ser, e geralmente não são, apáticos ou indiferentes. Testemunha disso é a extensa rede de instituições de saúde que servem milhões de pessoas todos os anos; um amplo sistema educacional que rodeia o mundo com quase cinco mil escolas; a Agência Adventista de Desenvolvimento e Socorro de Emergência—um serviço mundial da igreja em rápida expansão em áreas de necessidade aguda e crônica.
Várias outras atividades de serviço poderiam ser mencionadas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê ser necessário distinguir entre atividade sócio-política de cristãos individuais como cidadãos, e envolvimento a nível da corporação denominacional.
É tarefa da igreja lidar com princípios morais e apontar numa direção bíblica, não advogar diretrizes políticas. O CMI às vezes tem estado envolvido em manobras políticas. Enquanto o adventismo lançará sementes que influenciem inevitavelmente a sociedade e a política, não se dispõe a embaraçar-se em controvérsias políticas. O Senhor da igreja declarou: “O Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36), e à semelhança de seu Senhor, a igreja deseja estar “fazendo o bem” (Atos 10:38). A igreja não deseja estar à frente do governo, seja direta ou indiretamente.
Entendimento Ecumênico de Liberdade Religiosa
Nos primeiros anos do CMI, a começar de sua primeira assembléia de Amsterdã em 1948, a liberdade religiosa incluía-se na agenda ecumênica. Liberdade religiosa era vista como um requisito vital para a unidade ecumênica. Em 1968 um secretariado de liberdade religiosa foi estabelecido na sede do CMI. Contudo, em anos mais recentes, o posicionamento do CMI quanto a liberdade religiosa tem sido um tanto ambíguo. Em 1978 o secretariado foi fechado, sobretudo pelo que era visto como falta de fundos. Isso, logicamente, por si só fala a respeito da prioridade dada à liberdade religiosa no movimento ecumênico organizado. Hoje a tendência ecumênica é ver a liberdade religiosa como simplesmente um dos direitos humanos, em vez de ser o direito fundamental que está subjacente a todos os demais direitos humanos. Esta, logicamente, é a posição da mente secular. Os secularistas e humanistas recusam-se a perceber a crença religiosa como algo à parte ou acima de outras atividades humanas. Aqui dá-se o perigo de que a liberdade religiosa perca seu caráter singular que a torna a guardiã de todas as verdadeiras liberdades. Não se deve esquecer que historicamente tem sido o equilíbrio de poder e denominacionalismo que têm neutralizado a intolerância religiosa e servido à liberdade religiosa.
A unidade religiosa formal tem existido somente sob a força. Existe, portanto, embutido na sociedade uma tensão entre unidade e liberdade religiosa. De fato, o quadro escatológico dos eventos finais é um dramático panorama de perseguição religiosa, na medida em que as forças tremendas da Babilônia apocalíptica tentem moldar a igreja do remanescente dentro do molde da apostasia unificada.
Finalmente, a perspectiva de liberdade religiosa torna-se crescentemente anuviada quando se percebe que certos ativistas ecumênicos aceitam facilmente restrições à liberdade religiosa que afetam os crentes de uma estampa religiosa-política diferente, que estão exercendo o que é percebido como um posicionamento social negativo. Ademais, alguns líderes ecumenistas estão bastante dispostos, em situações revolucionárias, a ter a liberdade religiosa interferida com uma providência de “temporariamente suspensa” a fim de promover unidade, formação nacional e o “melhor bem” da sociedade como um todo.
A Influência do Entendimento Profético
O que temos exposto até aqui destaca algumas das reservas que os adventistas têm com respeito ao envolvimento no movimento ecumênico organizado. A atitude geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia para com outras igrejas e o movimento ecumênico é decisivamente influenciado pelas considerações acima e determinadas pelo entendimento profético. Remontando ao passado, os adventistas vêem séculos de perseguição e manifestações anticristãs do poder papal. Vêem discriminação e muita intolerância pelo Estado ou igrejas estabelecidas. Olhando adiante, vêem o período do catolicismo e protestantismo darem-se as mãos e exercerem o poder religioso-político num modo perseguidor e dominador. Vêem a fiel igreja de Deus, não como uma hiper-igreja, mas como um remanescente. Vêem-se como o núcleo daquele remanescente e como não dispostos a se ligarem à crescente apostasia cristã dos últimos dias. Olhando ao presente, os adventistas vêem sua tarefa como a de pregar o evangelho eterno a todos os homens, convocando-os a adorarem o Criador, em obediente adesão à fé de Jesus, e proclamando que a hora do juízo de Deus é chegada. Alguns aspectos dessa mensagem não são populares. Como podem os adventistas ter maior sucesso em cumprir esse mandado profético? É nossa opinião que a Igreja Adventista do Sétimo Dia pode melhor cumprir seu divino mandato conservando sua própria identidade, sua própria motivação, seu próprio sentimento de urgência, sua própria metodologia de trabalho.
Cooperação Ecumênica
Devem os adventistas cooperar ecumenicamente? Os adventistas devem cooperar, na medida em que o evangelho autêntico seja proclamado e as necessidades humanas sejam atendidas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia não deseja qualquer compromisso de membresia e recusa qualquer relacionamento que possa diluir seu testemunho peculiar. Contudo, os adventistas desejam ser “cooperadores conscienciosos”.
O movimento ecumênico como uma agência de cooperação tem aspectos aceitáveis; como uma agência de unidade orgânica das igrejas, é muito mais suspeita.
Relacionamento Com Outras Corporações Religiosas
Em 1926, muito antes que o movimento ecumênico estivesse em voga, a Comissão Executiva da Associação Geral adotou uma importante declaração que agora faz parte da Praxe Operacional da Associação Geral (O 75). Essa declaração tem significativas implicações ecumênicas. A preocupação da declaração era para o campo missionário e o relacionamento com outras “sociedades missionárias”. Contudo, a declaração agora foi ampliada para lidar com outras “organizações religiosas” em geral. Ela afirma que os adventistas do sétimo dia “reconhecem toda agência que eleva a Cristo perante os homens como parte do plano divino para a evangelização do mundo, e . . . tem em elevada estima homens e mulheres cristãos em outras comunhões que estão empenhados em ganhar almas para Cristo”.
No trato da Igreja Adventista com outras igrejas, “a cortesia cristã, amizade e justiça” devem prevalecer. Algumas sugestões práticas são apresentadas a fim de evitar malentendidos e situações de atrito.
A declaração torna bem claro, contudo, que “o povo adventista do sétimo dia” recebeu o “encargo” especial de realçar a Segunda Vinda como um evento “próximo, às portas”, preparando “o caminho do Senhor como revelado na Santa Escritura”. Essa divina “comissão” torna, pois, impossível que os adventistas restrinjam o seu testemunho “a qualquer território limitado” e os impulsiona a chamar “a atenção das pessoas por toda parte” ao evangelho.
Em 1980 a Associação Geral estabeleceu um Concílio Sobre Relações Interconfessionais a fim de oferecer uma diretriz geral e supervisão às relações da igreja com outras corporações religiosas. Esse concílio tem de tempos em tempos autorizado conversações com outras organizações religiosas onde se julgou que isso poderia ser de auxílio. Os líderes adventistas deviam ser conhecidos como edificadores de pontes.
Esta não é uma tarefa fácil. É muito mais simples destruir pontes eclesiásticas e atuar como “comandos cristãos” irresponsáveis. Ellen White declarou “Muita sabedoria é requerida para alcançar ministros e homens de influência”. – Evangelismo, p. 562.
Os adventistas não foram chamados para viver num gueto cercado de muros, falando só entre si, publicado principalmente para si mesmos, revelando um espírito de isolacionismo sectário. É, logicamente, muito mais confortável e seguro viver numa fortaleza adventista do sétimo dia, com as pontes de comunicação suspensas. Nesse ambiente alguém se aventura de tempos em tempos na vizinhança para uma rápida campanha evangelística, capturando tantos “prisioneiros” quanto possível, depois desaparecendo de volta na fortaleza. Ellen White não acreditava na mentalidade isolacionista: “Nossos ministros deviam buscar aproximar-se dos ministros de outras denominações. Orai por e com esses homens, pelos quais Cristo está intercedendo. Uma solene responsabilidade lhes cabe. Como mensageiros de Cristo devemos manifestar um profundo e ardente interesse por esses pastores do rebanho”. – Testimonies, vol. 6, p. 78.
O Valor dos Relacionamentos de Observador
A experiência tem ensinado que o melhor relacionamento com os vários concílios de igrejas (nacional, regional, mundial) é o da condição de observador-consultor. Isso ajuda a igreja a manter-se informada e entender tendências e iniciativas. Ajuda a conhecer pensadores e líderes cristãos. Os adventistas têm tido oportunidade de exercer uma presença e tornar conhecido o ponto de vista da igreja.
A condição de membro não é aconselhável. Essas organizações ecumênicas geralmente não são “neutras”. Freqüentemente têm metas e políticas bem específicas e desempenham papéis de militância sócio-política. Não faria muito sentido o sermos membros apáticos ou pro forma (como se dá com muitas igrejas) ou freqüentemente na oposição (como inevitavelmente se daria). A nível local, tratando com questões mais práticas e menos teológicas, podem-se perceber muitas formas em que os adventistas do sétimo dia poderiam ter participação, contudo de forma cautelosa.
Estamos pensando em relacionamentos organizados como associações ministeriais/fraternidades, organizações locais. Em anos recentes, líderes adventistas e teólogos têm tido a oportunidade de diálogo com representantes de outra igreja. Essas experiências têm sido benéficas. Respeito mútuo tem sido gerado. Estereótipos desgastados e inexatos e percepções doutrinárias equivocadas têm sido removidas. Preconceitos têm sido postas de lado. Instrumentos e entendimentos teológicos têm sido aprimorados. Novas dimensões têm sido reconhecidas e novas possibilidades para contatos têm sido divisadas.
Primeiro de tudo, porém, sua fé na mensagem adventista tem sido fortalecida. Não há razão para que os adventistas tenham um complexo de inferioridade. É um privilégio maravilhoso ser um adventista do sétimo dia e saber que os fundamentos teológicos e organizacionais da igreja são certos e seguros.
Arautos do Verdadeiro Oikoumene
Os adventistas são arautos da única verdadeira e duradoura oikoumene. Em Hebreus é feita referência ao “mundo [No grego: oikoumene] vindouro” (cap. 2:5), a vinda do reino universal de Deus.
Numa análise final, é este o “ecumenismo” para o qual os adventistas estão trabalhando. Todo outro movimento ecumênico é efêmero. Nesse entretempo, é um dever cristão “concentrar-nos em ser inteiramente dedicados a Cristo”, de coração. “Estejam prontos em qualquer tempo para dar uma resposta quieta e reverente a qualquer homem que deseja a razão da esperança que têm dentro de vocês. Assegurem-se de que sua consciência esteja perfeitamente clara” (1 Pedro 3:15, 16, Phillips).
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Este estudo, que tem como objetivo a utilização interna na igreja, primeiro apareceu em Pattern for Progress, The Role and Function of Church Organization [Modelo para Progresso, O Papel e Função da Organização da Igreja], de Walter Raymond Beach e Bert Beverly Beach. Teve como autor Bert B. Beach, e foi divulgado em conexão com a Assembléia da Associação Geral de New Orleans, Lousiana, EUA, junho de 1985. Está disponível no escritório de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Associação Geral
ADENDO:
Política de Relacionamento da Igreja Adventista Com Outras Entidades Religiosas
Para evitar criar malentendidos ou atrito em relacionamentos com outras igrejas cristãs e organizações religiosas, as seguintes diretrizes foram estabelecidas:
1) Reconhecemos essas agências que elevam a Cristo perante os homens como parte do plano divino para a evangelização do mundo, e temos em elevada estima homens e mulheres cristãos de outras comunhões que se empenham em ganhar almas para Cristo.
2) Quando o trabalho em interdivisão nos põe em contato com outras sociedades cristãs e corporações religiosas, o espírito de cortesia cristã, franqueza e justiça deve prevalecer em todas as ocasiões.
3) Reconhecemos que a verdadeira religião tem por base consciência e convicção. Deve, portanto, ser nosso propósito constante o de que nenhum interesse mesquinho ou vantagem temporal atraia qualquer pessoa para nossa comunhão e que nenhum elo de ligação prenda qualquer membro, salvo a crença e convicção de que desse modo a verdadeira ligação com Cristo é encontrada. Se uma mudança de convicção levar um membro de nossa igreja a não mais se sentir em harmonia com a fé e prática adventistas do sétimo dia, reconhecemos não só o direito mas também a responsabilidade desse membro de mudar, sem opróbrio, a filiação religiosa segundo com a crença. Esperamos que outras corporações religiosas reajam no mesmo espírito de liberdade religiosa.
4) Antes de admitir à comunhão da igreja membros de outras organizações religiosas, cuidado deve ser exercido para assegurar que os candidatos são levados a mudarem de filiação religiosa movidos por convicção e em consideração com seu relacionamento pessoal com Deus.
5) Uma pessoa sob censura de outra organização religiosa por falta claramente estabelecida em moralidade ou caráter cristão não deve ser considerada apta para tornar-se membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia até que haja evidência de arrependimento e reforma.
6) A Igreja Adventista do Sétimo Dia é incapaz de confinar sua missão a áreas geográficas restritas por causa de seu entendimento do mandato da comissão evangélica. Na providência de Deus e no desenvolvimento histórico de Seu trabalho para os homens, corporações denominacionais e movimentos religiosos têm surgido de tempos em tempos para dar ênfase especial a diferentes fases da verdade do evangelho.
Na origem e surgimento do povo adventista do sétimo dia, foi-nos deixado o encargo de realçar o evangelho da segunda vinda de Cristo como um acontecimento iminente, o qual apela à proclamação das verdades bíblicas no contexto da mensagem especial de preparação como descrita na profecia bíblica, particularmente em Apocalipse 14:6-14.
Essa mensagem comissiona a pregação do “evangelho eterno a toda nação, e raça, e língua, e povo” atraindo-a à atenção de todas as pessoas por toda parte. Qualquer restrição que limite o testemunho a áreas geográficas especificadas portanto torna-se uma limitação da comissão evangélica.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia também reconhece o direito de outras persuasões religiosas operarem sem restrições geográficas.
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Extraído do site oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia [documento Praxe Operacional da Associação Geral (O 75)]: www.adventist.org
Um comentário:
Os adventistas finalmente revelaram-se o mesmo vinho antigo no mesmo odre velho, perpetuando-se como
profundos enganadores do cristianismo pagao, e certamente, negando a eficacia do Novo vinho e Novo Odre, sua retorica azeda igual de todas as instituicoes que pegam incautos, neofitos e aqueles que infelismente por medo, se ajustam
as estrategias do mal desta denominacao.
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