WASHINGTON - A nova cepa da gripe H1N1 que matou 56 pessoas no México e foi levada para todo o mundo por viajantes parece ser transmitida com mais facilidade do que a gripe sazonal comum, relataram pesquisadores nesta segunda-feira.
Até 23 mil mexicanos provavelmente foram infectados pelo vírus da doença, que ficou conhecida como gripe suína, relataram Neil Ferguson, do Imperial College London, e seus colegas na revista Science.
Eles também encontraram evidência apoiando a teoria de que o surto teve origem no vilarejo de La Gloria, no Estado de Veracruz.
A equipe internacional de pesquisados verificou o padrão de disseminação da doença e as análises genéticas iniciais do vírus.
"Nossas estimativas sugerem que 23 mil indivíduos (no alcance entre 6 mil e 32 mil) foram infectados no México até o fim de abril, resultando numa proporção de fatalidades (CFR) de 0,4 por cento com base em mortes confirmadas e suspeitas relatadas até aquele momento", escreveram eles.
"Portanto, embora permaneçam incertezas substanciais, a severidade clínica parece menor do que a observada em 1918, mas comparável com a vista em 1957."
A pandemia de 1918 foi a pior do século 20, matando entre 25 milhões e 100 milhões de pessoas, dependendo das estimativas. Foi a primeira vez que apareceu o vírus H1N1. A pandemia de 1957 com o H2N2 matou cerca de 2 milhões de pessoas em todo o mundo. A gripe sazonal mata entre 250 mil e 500 mil pessoas todos os anos.
Observando o padrão em La Gloria, os pesquisadores afirmaram que aparentemente o vírus foi transmitido de pessoa a pessoa por entre 14 e 73 gerações -- significando que uma pessoa infectou outra, que infectou outra, até 73 vezes.
"A transmissibilidade é, portanto, substancialmente maior do que a da gripe sazonal", escreveram eles.
O primeiro caso foi observado em La Gloria em torno de 15 de fevereiro, escreveram, citando relatórios, mas não provas concretas.
Análises genéticas iniciais sugerem que o vírus pode ter infectado alguém pela primeira vez por volta de 12 de janeiro.
Os pesquisadores disseram que outros países tiveram uma oportunidade melhor de estar alerta para o vírus, uma mistura nunca vista anteriormente de vírus da gripe suína da Eurásia e um chamado vírus "recombinante triplo" observado em porcos, que inclui partes de vírus da gripe humana e aviária.
"À medida que a epidemia se dissemina, é provável que a gravidade varie de país para país dependendo dos recursos de saúde pública e das medidas sanitárias adotadas para mitigar o impacto", acrescentaram eles.
O OMS confirmou, no mundo, 4.694 infecções em 30 países com 53 mortes, todas no México, com quatro exceções. Os Estados Unidos apresentam a maioria dos casos fora do México, com 2.618 casos e 3 mortes.
Embora esteja se disseminando por todos os EUA, a OMS disse que o novo vírus H1N1 não mostra sinais de disseminação sustentada entre humanos fora da América do Norte.
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